Tratamento medicamentoso para dependentes químicos
04/08/2022
Tratamento medicamentoso para dependentes químicos: Segundo dados do Relatório Mundial sobre Drogas 2017, elaborado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), cerca de 250 milhões de pessoas usaram drogas em 2015; entre elas, aproximadamente 29,5 milhões apresentaram algum tipo de transtorno relacionado ao consumo dessas substâncias, incluindo dependência química.
O uso de drogas e álcool normalmente começa com fins recreativos ou como uma fuga da realidade. Mas, quando a necessidade de consumi-las passa a ser incontrolável, o usuário se torna dependente, apresentando distúrbios físicos, emocionais e mentais. Com o tempo, cria-se tolerância às substâncias e as doses começam a aumentar para se obter os mesmos efeitos de antes, o que pode levar a uma overdose.
Tratamentos Indicados
A escolha de tratamentos para dependência química começa com um diagnóstico criterioso, realizado por uma equipe multidisciplinar, que deve levar em consideração as especificidades de cada caso. A partir daí, é montada uma estratégia de tratamento personalizada, que deve ser revista periodicamente, visando o atendimento das múltiplas necessidades do paciente e a reorganização de sua vida como um todo.
Os principais entraves para a busca de uma orientação especializada são a negação da doença, a falta de apoio e o medo do estigma social negativo. Além disso, muitos amigos e familiares não sabem como ajudar um dependente químico ou desconhecem a existência de tratamentos especializados. Para esclarecer essas dúvidas, destacamos abaixo os principais tratamentos para abuso de drogas.
Fases da Desintoxicação
A desintoxicação é apenas uma das fases do tratamento para dependência química. Essa etapa é considerada a mais crítica, pois o paciente recebe assistência médica durante um determinado período de tempo — geralmente 24 horas — para a eliminação das drogas do seu organismo.
Tipos de Medicamentos
O abuso de drogas pode ser um fator de risco para a contração e o desenvolvimento de algumas doenças físicas e mentais, tais como esquizofrenia, depressão, transtorno de personalidade, cirrose, câncer, insuficiência renal, HIV, hepatite B e C, sífilis, lesões cerebrais e desnutrição; também pode ser uma consequência de algumas dessas enfermidades.
Por isso, o uso de medicamentos no tratamento da dependência química é indicado na maioria dos casos, devendo ser realizado com o acompanhamento constante, a avaliação do quadro do paciente, a realização de exames e o cuidado com efeitos colaterais e interações medicamentosas. Esse tipo de tratamento normalmente é feito em conjunto com a psicoterapia.
Psicoterapias em Grupo
Diversas abordagens psicoterapêuticas têm sido eficazes no tratamento da dependência química, entre elas a psicanálise, a terapia cognitivo-comportamental, a terapia em grupo e a terapia ocupacional. As psicoterapias se baseiam na aplicação de um conjunto de técnicas e métodos psicológicos, podendo ter objetivos diferentes, como a solução de problemas, a modificação de comportamentos e o auxílio no desenvolvimento de novas concepções sobre si mesmo e o mundo. A opção por uma dessas modalidades depende dos sintomas apresentados, do grau de evolução do transtorno, da estratégia de tratamento e da aceitação e personalidade do paciente.
Tipos de Internações
De modo geral, as internações são realizadas quando o paciente necessita de assistência integral e multidisciplinar ou apresenta comportamentos agressivos e pensamentos suicidas. A Lei 10.216/2001, conhecida também como Lei de Proteção e Direitos das Pessoas Portadoras de Transtornos Mentais, prevê as formas de internação voluntária, involuntária e compulsória.
- Voluntária
Como o nome sugere, esse tipo de internação é feito com o consentimento do usuário, com base na avaliação e indicação de uma equipe de profissionais especializados. Na maioria dos casos, o paciente solicita sua internação voluntariamente e passa para o tratamento ambulatorial quando recebe a alta hospitalar.
- Involuntária
A internação involuntária pode ser solicitada por um familiar, responsável legal ou especialista que acompanha o tratamento, sendo realizada sem o consentimento do dependente químico. Em geral, o usuário não tem a percepção crítica da necessidade de internação e oferece risco iminente para si mesmo ou para outras pessoas.
- Compulsória
A internação compulsória é determinada pela Justiça mediante um pedido formal de um médico, que precisa fazer um laudo atestando que a pessoa não tem condições físicas e psicológicas para procurar tratamento sem intervenção de um terceiro. Quando falamos de abuso de drogas e dependência química, informação e conscientização são essenciais.
- Como funciona o tratamento medicamentoso
Remédios contra drogas
Os remédios para tratar o vício por drogas devem ser usados apenas com supervisão, 24 horas por dia, 7 dias por semana, para que a pessoa realize o tratamento corretamente e reduza os sintomas de abstinência.
Inicialmente, para combater a "fissura", que é o desejo iminente de usar a droga, podem ser usados remédios ansiolíticos e antidepressivos, por exemplo.
Os remédios contra o uso de drogas variam de acordo com a droga que está causando o vício:
- Maconha: Fluoxetina e Buspirona, que tentam reduzir os sintomas de abstinência;
- Cocaína: Topiramato e Modafinil, por exemplo, embora existam vários medicamentos que podem ser usados;
- Crack: Risperidona, Topiramato ou Modafinil, que tentam amenizar os sintomas de abstinência;
- Heroína: Metadona e Naloxona, que atuam no cérebro alterando o sistema de recompensa e prazer.
Além desses, é comum que sejam indicados outros remédios antibióticos e antivirais para combater os problemas de saúde que o usuário possa ter, como tuberculose, pneumonia, HIV ou sífilis, por exemplo.
Terapia com psicólogo ou psiquiatra
Embora o apoio e a ajuda da família seja muito importante e parte fundamental do tratamento contra a dependência de drogas, o acompanhamento por um psicólogo ou psiquiatra é também essencial para ajudar a abandonar o uso, pois oferece ferramentas úteis para que a própria pessoa consiga evitar o contato e o consumo das drogas, além de ajudar também a família, que aprende como conviver e ajudar a pessoa a continuar o tratamento.
Além disso, o usuário quando deixa de usar drogas passa por um período de abstinência em que enfrenta fortes sentimentos de ansiedade e diversos distúrbios emocionais e, por isso, é importante garantir que existe acompanhamento psicológico, para que a pessoa consiga gerir bem suas emoções, sem precisar recorrer às drogas.
Quanto tempo demora a recuperação
É necessário um acompanhamento do indivíduo por, pelo menos 6 meses (180 dias), podendo demorar de 1 a 5 anos o tempo de acompanhamento da pessoa, dependendo da adesão ao plano de tratamento individual.
Nos primeiros 6 meses a equipe de tratamento tenta deixar a pessoa completamente livre das drogas, sempre trabalhando diversos aspectos para evitar uma recaída, e para que a pessoa possa reconstruir sua vida. Nos meses seguintes, o acompanhamento visa fortalecer novas atitudes e empoderamento.
Depois desse período a pessoa pode ter alguma recaída, mas o importante é perseverar e seguir em frente com o tratamento. Por vezes, a pessoa precisará ainda de um acompanhamento, tendo 2 ou 3 consultas por ano, durante um longo período.
No Instituto Psicológico contamos com uma equipe especializada nas mais diversas dependências e comorbidades relacionadas, entre em contato e obtenha informações e um direcionamento correto!
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